Segundo a divisão da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco (CONDEPE/FIDEM) a Mesorregião da Mata Pernambucana compreende duas regiões geográficas: Mata Norte e Mata Sul. "Na Mata Pernambucana/Domínio Canavieiro, vivem atualmente cerca de 2.537,3 mil pessoas, representando, aproximadamente 35,6% da população pernambucana, com uma densidade demográfica de 211,77 hab./Km2 superior a média do Estado, de 72,32 hab/Km2" (SICSÚ,2000, p. 112).
A Microrregião de Vitória de Santo Antão
Identificada no sopé da encosta oriental da Borborema, essa microrregião participa das características da Zona da Mata e da região agrestina. A organização produtiva do espaço é comandada pela agroindústria açucareira, caracterizando-se, também, pela maior diversificação das atividades agrárias. Estas são marcadas por grandes áreas ocupadas com lavouras de cana-de-açúcar e de mandioca, ao lado de pequenos estabelecimentos voltados para os cultivos de milho, feijão, tomate, frutas tropicais e produtos hortigranjeiros. Essa produção hortícola tem evoluído consideravelmente na região cuja produção se destina ao consumo local e ao abastecimento da Região Metropolitana do Recife (RMR). Vitória de Santo Antão é o principal centro urbano da microrregião, desempenhando funções de centro sub-regional. Pela sua posição geográfica, entre o Agreste e a Zona da Mata, e por contar com importante eixo rodoviário, vem ampliando sua área de atuação no território pernambucano. Daí partem ou passam produtos que abastecem o mercado consumidor da Região Metropolitana do Recife; destaca-se, também, como o mais importante centro comercial da Zona da Mata Pernambucana (IBGE, 1992, p. 195-196).
Localização Geográfica do Município de Pombos na Microrregião de Vitória de Sto. Antão
Geograficamente o município de Pombos localiza-se entre as latitudes de 8o e 4' S e 8o 20' S e entre as longitudes de 35o e 16' WGr e 35o e 30' WGr. O município de Pombos limita-se ao norte com os municípios de Glória do Goitá e Passira; a oeste com Gravatá e Chã Grande, a sul com Primavera e a leste e nordeste com Vitória de Santo Antão.
Fonte: ZAPE - Zoneamento Agroecológico de Pernambuco
Aspectos Históricos do Município de Pombos
Até o século XVIII, onde hoje se localiza a cidade de Pombos e seu entorno, havia mata virgem (Mata Atlântica) habitat de pombos selvegens, abelhas silvestres chamadas Tubiba e povoada por índios. A presença da Igreja Católica na localidade era tão expressiva que acabou abafando a primeira denominação dada ao município, originando o segundo nome do lugar: São João dos Pombos. Por volta do ano 1738, foi aberto o primeiro caminho que ligava o Recife ao sertão do São Francisco. Essa primeira via de comunicação cortava o território de São João dos Pombos de Leste a Oeste. Por atravessar todo o Vale do Ipojuca esse caminho recebeu o nome de Caminho do Ipojuca (Idem).
As primeiras casas construídas foram onde hoje são; a Rua do Comércio; a Praça Joaquim Batista e a Praça João Pessoa. Seus principais fundadores foram, de início: Manoel Batista dos Santos; seguido mais tarde por José Manoel de Melo (Major Melo); Manoel Gomes d`Assunção Filho e Padre Galdino José Soares Pimentel. (MIRANDA, 1994, p. 19).
Em 1833, o pequeno povoado de São João dos Pombos tornou-se sede do 3º distrito da Freguesia de Santo Antão da Mata (Vitória). Ao longo do século XIX, outras povoações foram surgindo na região: Poço do Boi, em 1840; o Engenho Ronda, em 1842; Engenho Serra Grande, em 1865; Meringabas, em 1882; o Engenho Várzea Grande, em 1897; Santa Pânfila, antigo (Engenho Cachoeira) que se constituiu em usina no ano de 1912, transformando-se num centro de industrialização açucareira Usina Nossa Senhora do Carmo e em 1944, se reduziu a uma destilaria de álcool (Idem). Hoje desativada٭
A influência da Igreja Católica no processo de formação do município de Pombos, como descrito acima, foi muito forte, inicialmente surgindo com a influência da primeira capela local denominada Nossa Senhora dos Impossíveis.
Os primeiros serviços públicos oferecidos pelo município de Pombos foram, sobretudo, os de comunicação.
A Estrada Estadual, projetada no ano de 1839, pelo comandante do Imperial Corpo de Engenheiros, chegando a Santo Antão em 1859, logo após ao vilarejo de São João dos Pombos, e depois se ramificando rumo ao sertão. (MIRANDA, 1994, p. 23)
A Via Férrea, autorizada pela Lei Provincial de 11 de julho de 1867, logrando alcançar o povoado de São João dos Pombos, em 1886, a 8 de maio quando festivamente foi inaugurada a estação com o nome de Francisco Glicério (Idem).
A Agência Postal, que data do ano de 1892, sendo uma contribuição do Governo Federal. Os malotes portadores das correspondências eram transportados pelos trens e entregues na estação ferroviária, ao agente responsável pelo destinatário (Idem).
A bandeira: a bandeira do município de Pombos foi criada na vigência do prefeito Edward Cavalcanti de Almeida Pinto, obedecendo às seguintes características:
Um mapa do Estado de Pernambuco ao centro;
Duas faixas: uma com a data designativa da emancipação e a outra com a legenda Paz e Progresso;
Um ramo de canavial na parte de baixo;
Dois pombos, no local onde fica situado o município.
Cores:
O campo: amarelo e azul;
O mapa e o ramo: verde;
As duas legendas: azul;
Os dois pombos e as duas faixas: branca.
Hino Municipal:Composto para comemorar sua independência política, aspirada desde 1957, quando se deu o 1º movimento emancipalista. A música foi composta pelo então maestro da banda musical Padre Galdino, Climério Paulo de Oliveira e a letra pelo Reverendo José Joaquim da Cruz, pastor da Igreja Presbiteriana na época. Tanto a música quanto a letra do hino datam do ano de 1962, sendo oficializado pelo Projeto de Lei n◦ 01/95, de 13 de janeiro de 1995, do prefeito José João da Silva “João da Loja”. (MIRANDA, 1994, p. 51).
As Origens do Cultivo do Abacaxi no Município de Pombos
Para se entender as origens do cultivo do abacaxi no município de Pombos, faz-se mister, levar também em consideração, outras culturas que hoje são cultivadas paralelamente ao abacaxi, sobretudo no que se refere à monocultura da cana-de-açúcar e que antes já eram cultivadas no referido município.
O município de Pombos, teve por longo tempo a monocultura da cana-de-açúcar, havendo uma produção relevante neste município desde tempos remotos.Como principal beneficiadora da cana-de-açúcar no município de Pombos e que, por muito tempo esteve em atividade se destaca a Usina Nossa Senhora do Carmo, a qual localiza-se na parte sul do município, e que, após algum tempo, passou a ser destilaria e atualmente, encontra-se desativada. A cana que era moída pela referida usina, tinha sua proveniência de engenhos importantes como Engenho São João Novo; Engenho Cachoeira; Engenho Cajoca e Engenho Ronda. Atualmente, encontram-se em funcionamento no município apenas os Engenhos São João Novo; Engenho Cajoca Engenho Camassari; e Engenho Limeira.
Paralelamente à produção da cana-de-açúcar, houve também, uma relevante produção de algodão, a qual era voltada para abastecer o município de Limoeiro na Zona da Mata Norte. Tal cultivo, se realizava na parte norte do município de Pombos, abrangendo uma área de 30 mil ha.
Uma outra cultura que se destaca até os dias de hoje, diz respeito à monocultura da mandioca que, abastecia e abastece as principais casas de farinha do município. Esta cultura assume importante destaque em Pombos, devido à sua importância para a própria população deste município, pois, este produto faz parte da alimentação diária de sua população. Anteriormente havia quinze casas de farinha, voltadas para o beneficiamento da mandioca, hoje existem apenas duas que se dedicam à produção da conhecida “farinha torradinha cristal” que abastecia os municípios de Pombos e Vitória de Santo Antão. A cultura do abacaxi era também cultivado neste município já nos anos de 1960, em áreas de antigos sítios localizados na parte norte do município de Pombos. Porém, sua produção se dava de forma bastante tímida, uma vez que eram cultivadas áreas pouco abrangentes e tal produção não se voltava para um mercado consumidor relevante.
Com o passar do tempo algumas dessas culturas foram gradativamente desaparecendo, até que o então prefeito de Pombos José Vicente passou a observar esta situação e, como bem afirmou: “passou a lutar por uma que foi o cultivo do abacaxi”. No ano de 1983, durante a gestão do referido prefeito, houve uma grande seca que castigou o município de Pombos, a qual quase leva à falência seus pequenos produtores de abacaxi, os quais, haviam já pedido empréstimos ao Banco do Brasil e Banco do Nordeste, e por esse motivo, sem condições para quitar seus débitos frente a estas instituições financeiras, tornaram-se inadimplentes.
A partir desta situação já bastante agravada, o prefeito em gestão tomou a atitude de partir ao campo, no intuito de visitar aqueles pequenos produtores, inclusive, não só do abacaxi, o qual, afirmou a todos que “a luta seria não só dele, mas teria de ter a participação de todos”. Daí então, o prefeito convocou todos aqueles produtores rurais a uma reunião, a qual aconteceria no Clube Municipal Bido Clause ainda no ano de 1983. Após essa reunião, onde grande número de agricultores participou, o prefeito do município decidiu partir com os agricultores à capital, Recife, com o objetivo de se dirigirem ao Palácio do Governo em Cruzada de Ação Social. O então prefeito, já havia se dirigido a importantes órgãos governamentais como a SUDENE e a Secretaria de Agricultura do Estado, porém, voltando ao seu município sem nenhuma resposta positiva.
Enfim, partiu para o Rio de Janeiro, no intuito de visitar a LBA (Legião Brasileira de Assistência), onde fez saber da grave situação em que passava o município de Pombos. Finalmente, foi concedido pela LBA, na época, 20 mil cruzeiros, os quais seriam aplicados diretamente ao socorro da agravante situação daqueles pequenos produtores rurais. Como afirmado em entrevista de campo, parte do recurso foi distribuído pela Igreja Católica, e parte pela Prefeitura Municipal de Pombos, cujo recurso foi empregado primeiramente na compra de “garrotes” (gado bovino), até que se pudesse ver o campo molhado pela chuva.
No ano seguinte, 1985, o prefeito José Vicente novamente voltou ao campo para visitar os pequenos produtores, quando reuniu todo o povo no intuito de declarar a todos que, a partir daquele dia seria criada a “Festa do Abacaxi”, compensando todo o esforço daqueles que se dedicaram a lutar pelos seus objetivos. A primeira “Festa do Abacaxi” realizou-se de forma bastante simples, onde saía pelas ruas de Pombos um carro transportando 800 litros de batida de abacaxi, que eram distribuídos gratuitamente aos seus participantes e, como bem foi afirmado em pesquisa, “o povo caindo no frevo e folia”.
Cultura do abacaxi em curvas de nível - Localidade: Sítio Maracujá - Pombos/2007. Foto: Jucélio Silva.